No setor público, tomar decisões fundamentadas é essencial para garantir o uso eficiente e transparente dos recursos públicos e a entrega de serviços de qualidade à população. O estudo de viabilidade surge como uma ferramenta estratégica para analisar a viabilidade técnica, econômica, social e legal de um projeto antes de sua execução.
Um bom estudo de viabilidade ajuda a evitar desperdícios, prevenir riscos, comparar alternativas e justificar tecnicamente decisões de investimento, contribuindo para a transparência na gestão pública e aumentando a responsabilização dos gestores pela execução do projeto. Ele envolve a análise de diversos aspectos – econômicos, sociais, ambientais, técnicos e legais – e serve como base para a tomada de decisão no setor público.
Neste artigo, apresentamos os 5 passos essenciais para elaborar um estudo de viabilidade eficaz para apoiar gestores, equipes técnicas e tomadores de decisão na construção de análises consistentes, seguras e orientadas a resultados concretos.
1. Identificar o problema ou oportunidade
O ponto de partida de qualquer estudo de viabilidade é entender o problema que se quer resolver ou a oportunidade que se pretende explorar. Isso exige um diagnóstico claro da realidade local, baseado em dados e evidências.
Nesta etapa, é importante responder perguntas como:
- Qual a demanda da população?
- Existe um déficit de infraestrutura ou serviço público?
- A proposta está prevista no Plano Plurianual (PPA) ou indicada em consulta popular?
Delimitar o escopo é essencial para evitar estudos genéricos ou pouco aplicáveis. Por exemplo: ao considerar a construção de uma creche, deve-se especificar a localidade, a demanda por vagas, a área disponível e o perfil da população atendida.
2. Realizar a análise de viabilidade técnica
Com o problema identificado, é hora de avaliar se o projeto pode ser tecnicamente executado. Essa etapa analisa fatores como:
- Condições do terreno ou da área de intervenção;
- Acessibilidade, infraestrutura existente e demanda estimada;
- Tecnologias necessárias e adequadas ao contexto;
- Capacitação da equipe e estrutura institucional para a execução.
A viabilidade técnica ajuda a evitar projetos mal dimensionados ou inviáveis do ponto de vista operacional. Ela também antecipa riscos e exige diálogo com diferentes setores da administração.
3. Avaliar a viabilidade econômica e financeira
Neste passo, o foco está em entender os custos envolvidos, as fontes de financiamento disponíveis e os possíveis retornos – especialmente, no caso do setor público, o retorno social.
O estudo deve conter:
- Estimativa de custo total do projeto (implantação + operação/manutenção);
- Análise de alternativas (inclusive, não fazer);
- Identificação das fontes de recursos (recursos próprios, convênios, emendas, financiamentos);
- Estimativas de impacto orçamentário e cronogramas de desembolso.
Métodos como o Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR), payback ou análise de custo-benefício social podem ser utilizados, quando aplicável.
Essa é a fase que demonstra se o projeto “cabe no bolso” da administração e se gera benefício proporcional ao investimento.
4. Análise dos impactos sociais, ambientais e legais
Projetos públicos têm consequências que vão além dos números. Por isso, o estudo de viabilidade deve prever possíveis impactos sociais e ambientais, além de verificar o atendimento à legislação vigente.
Fatores a considerar:
- O projeto atende a uma população vulnerável ou reduz desigualdades?
- Haverá necessidade de desapropriações? Quais os impactos disso?
- O empreendimento precisa de licenciamento ambiental?
- Está de acordo com o Plano Diretor, zoneamento urbano ou demais leis aplicáveis?
Também é importante avaliar a aceitação social do projeto e eventuais riscos jurídicos, como ações civis públicas ou questionamentos dos órgãos de controle.
5. Elabore um parecer ou relatório conclusivo
Após reunir todas as análises, é hora de consolidar os dados em um relatório técnico para suporte da decisão final.
Esse parecer deve:
- Apontar se o projeto é viável, inviável ou viável com ajustes;
- Incluir dados, simulações e justificativas que embasem a conclusão;
- Ser apresentado de forma clara e objetiva para os gestores.
Esse documento é fundamental para a transparência na gestão pública e pode ser exigido por órgãos de controle, bancos financiadores ou tribunais de contas.
Ele também serve como base para futuras decisões, revisões ou reavaliações de projetos, além de contribuir para a memória institucional da administração pública.
Realizar um estudo de viabilidade bem estruturado é um passo decisivo para tornar a gestão pública mais estratégica, eficiente e orientada a resultados. Essa prática evita improvisos, qualifica as decisões e fortalece a responsabilidade com os recursos públicos.
Ao seguir os cinco passos descritos neste artigo, sua equipe terá condições de planejar melhor, mitigar riscos e promover investimentos com maior impacto e legitimidade social.
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Autor: Poliana Lima Canassa

